Alimentação
do pré-escolar e escolar
Paula
Cristina de Oliveira Faria Cardoso
Alimentação
do pré-escolar
A alimentação do pré-escolar
(de 2 a 6 anos) e do escolar (de 7 anos à puberdade) varia conforme a
influência do código genético portado por cada criança e do meio em que se
encontra, aí incluída a alimentação oferecida pela família, suas condições
sócio-econômicas e outros elementos identificados até os 2 anos de idade.
Desse modo, a orientação e
avaliação adequadas acerca da nutrição dessas crianças depende da obtenção
dessas informações por meio de uma investigação médica profunda e pormenorizada.
É importante ter em mente
que as demandas quantitativas de nutrição de crianças em fase pré-escolar ou
escolar são mais reduzidas com relação àquelas de crianças de colo e de
adolescentes. Os pré-escolares apresentam ritmo de crescimento menor que aquele
mantido até os 2 anos, porém ganham mais altura em relação ao peso, o que dá
aos pais a sensação de emagrecimento, trazendo com isso preocupação.
Também nessa fase iniciam-se
as atividades sociais, de modo que a alimentação já não ocupa mais lugar de
destaque entre as preferências da criança. Isso pode trazer com frequência a
neofobia alimentar, tornando necessárias várias exposições a determinado
alimento até que ele seja aceito, bem como a redução na alimentação. Esta
última constitui queixa frequente dos responsáveis pela criança, porque é
frequentemente entendida como um como sintoma de doença, que na verdade não
existe.
Por todos esses motivos, se
não houver acompanhamento próximo dos pais ou responsáveis e a adoção de
técnicas corretas e uma alimentação nutritiva, os anos pré-escolares podem
representar vulnerabilidade às deficiências nutricionais e até mesmo à
desnutrição, repercutindo gravemente sobre o desenvolvimento e o crescimento da
criança. Afinal, trata-se de uma fase de transição alimentar, que deve ser
tratada com cautela.
Um exemplo disso é que, nessa
idade, o abandono gradativo das mamadas noturnas inicia. Por isso, o volume de
leite ingerido diariamente, bem como o uso da mamadeira, deve ser reduzido
nessa etapa, sob pena de que a criança se recuse a ingerir refeições de outras
espécies. Isso traz como consequências diversas moléstias relacionadas à
desnutrição, como a constipação intestinal, vômitos frequentes, deformidades da
arcada dentária, distúrbios de linguagem, anemia ferropriva, anorexia, prejuízo
da dentição, entre os principais problemas decorrentes.
Esses efeitos drásticos
ocorrem porque a necessidade energética é maior entre os 3 e 4 anos de idade,
afinal, nessa etapa da infância a criança se encontra em período de crescimento
e desenvolvimento. Assim, todos os nutrientes são importantes, mas nessa fase
da vida o ferro e as proteínas merecem atenção especial. Os alimentos
energéticos, que estão na base da pirâmide alimentar, previnem a desnutrição
quando ingeridos de acordo com as quantidades recomendadas.
Contudo, já a partir dos 3
anos de idade a criança manifesta preferências nítidas e recusa alimentos que
não gosta. Essas características devem ser respeitadas. Isso porque é nessa
idade que a criança desenvolve sentidos e diversifica os sabores, estabelecendo,
com isso, seus próprios gostos.
O atendimento a algumas
orientações pode ajudar pais e responsáveis a evitar as consequências da
desnutrição infantil na fase pré-escolar e garantir que a transição alimentar
da criança seja feita com sucesso. Tais orientações são as seguintes:
·
Estabelecer horários regulares para as
refeições;
· Priorizar alimentos sólidos e variados,
valorizando-se a apresentação (aspecto, cor, odor e textura dos alimentos), com
o objetivo de torná-los mais atraentes e palatáveis;
·
Permitir e estimular a manipulação/exploração
dos alimentos com as próprias mãos e com talheres, o que incentiva o
desenvolvimento motor e cognitivo da criança;
·
Oferecer alimentos de diversos grupos
(cereais e tubérculos, hortaliças e carne);
·
Oferecer alimentos sem temperos fortes ou
condimentos picantes, preferindo temperos naturais;
·
Oferecer pequenos volumes de alimentos de
cada vez, de modo a não ultrapassar a capacidade da criança de receber e
digerir alimentos;
·
Apresentar os legumes e as verduras de forma
gradativa, iniciando com purês, suflês e refogados;
·
Limitar a quantidade de bebidas antes ou
durante as refeições, pois o líquido pode levar à sensação de saciedade por
distensão do estômago, bem como preferir sucos naturais aos refrigerantes e às
bebidas de sabor artificial;
·
Substituir e/ou ofertar novamente alimentos
recusados em refeições (dias) futuros;
·
Realizar pelo menos uma das refeições à mesa
com os adultos e/ou irmãos mais velhos;
Alimentação
do escolar
No plano social, verifica-se
a crescente independência da criança, com a formação de novos laços sociais com
adultos e indivíduos da mesma idade. Tais mudanças, aliadas ao processo
educacional, determinam o estabelecimento de novos hábitos e estimulam o
aprendizado em todas as áreas.
No período escolar, o
aumento da socialização e da independência tornam possível a melhor aceitação
de alimentos diferentes e mais elaborados.
Muitas vezes a criança manifesta interesse pelas preparação dos alimentos,
devendo ser estimulada a elaborar refeições de fácil preparo e seus próprios
lanches.
Nessa etapa do
desenvolvimento, as refeições devem incluir, pelo menos, café da manhã, almoço
e jantar. A merenda escolar deverá ser preparada de acordo com os hábitos
regionais, evitando-se o uso de alimentos isentos de valor nutricional. Assim, é
primordial que os pais sejam orientados acerca da importância de não permitir
que a criança permaneça sem se alimentar por longos períodos, bem como do papel
do lanche escolar para evitar que isso aconteça.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CAMPOS JÚNIOR, Dioclécio;
LOPEZ, Fabio Ancona. (Org.). Tratado de pediatria. Barueri, SP: Manole, 2007.
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