domingo, 22 de julho de 2012

ARTIGO "FEBREFOBIA"


Febrefobia
por Paula Cristina de Oliveira Faria Cardoso


A febre tem a utilidade de servir como sinal de alerta, e estima-se que grande parte das consultas pediátricas cerca de 20% a 30% têm a febre como queixa única preponderante. Embora na maioria das vezes, a febre, seja a primeira manifestação de infecções virais agudas, a presença dela é temida, pois também pode ser o sinal inicial de doenças graves.
A temperatura corpórea é regulada pelo centro termorregulador, localizado no hipotálamo anterior, e que funciona como termostato, ao qual compete manter o equilíbrio entre produção e perda de calor (o termostato age mais controlando a perda de calor), mantendo a temperatura interna em aproximadamente 37 ºC. Na febre, o termostato é reajustado – o centro regulador eleva o ponto de termorregulação (set point) da temperatura para um patamar mais elevado.
Como sequência patogenética na febre temos: agentes infecciosos ou não infecciosos que funcionam como pirógenos exógenos, os quais induzem as células fagocíticas a produzirem substâncias de natureza proteica. Estas são chamadas de pirógenos endógenos, os quais estimulam a produção de prostaglandinas, que atuam no centro termorregulador, elevando o patamar de termorregulação e resultando na febre.
A necessidade de tratamento da febre muitas vezes é polêmica, entre vários pediatras, pois a resposta febril está associada a aspectos positivos, tais como o aumento da migração de neutrófilos e a produção de interferon gama e outras citocinas, que desempenham relevante papel na resposta imune para a eliminação de vírus e bactérias. Do ponto de vista médico, as indicações para combater a febre são bastante restritas, indicando-se antitérmicos apenas quando a temperatura alta é motivo de desconforto ou risco para a criança. Crianças saudáveis que apresentem febre de menos de 39ºC não demandam terapêutica. Contudo, a administração de antipiréticos pode aliviar o desconforto sentido com temperaturas corporais mais elevadas.
Atualmente, os únicos antitérmicos recomendados para tratar crianças com febre são paracetamol, dipirona e ibuprofeno. Vale destacar que os antitérmicos não constituem tratamento causal da doença e que esta merece enfoque diagnóstico e, por vezes, tratamento específico.
Em certas situações de febre está indicada uma investigação imediata:
1. Faixa etária de risco: menor de 3 meses
2. Febre de mais de 39,4 ºC
3. Estado infeccioso/toxêmico acentuado: má impressão geral
4. Duração da febre maior que três dias (mais de 72 horas)
Quando se faz associação rápida entre palavras, febre se liga intimamente a doença, sobretudo para leigos. Assim, não causa espanto que o fato de uma criança estar com febre provoque ansiedade e insegurança nos pais, se a causa não for logo definida. Dessa forma, cabe ao pediatra combater a febrefobia, passando segurança e tranquilidade aos pais da criança.


REFERÊNCIAS
JENSON, Hal B.; BEHRMAN, Richard E.; KLIEGMAN, Robert M. Tratado de pediatria. 17. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
BRICKS, Lucia Ferro. Tratamento da febre em crianças. Pediatria (São Paulo) 2006; 28(3):155-8.
MURAHOVSCHI, Jayme. A criança com febre no consultório. Jornal de Pediatria, v. 79, supl. I, 2003, p. 55-63.

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