Febrefobia
por Paula Cristina de Oliveira Faria Cardoso
A febre
tem a utilidade de servir como sinal de alerta, e estima-se que grande parte
das consultas pediátricas cerca de 20% a 30% têm a febre como queixa única
preponderante. Embora na maioria das vezes, a febre, seja a primeira
manifestação de infecções virais agudas, a presença dela é temida, pois também
pode ser o sinal inicial de doenças graves.
A temperatura
corpórea é regulada pelo centro termorregulador, localizado no hipotálamo
anterior, e que funciona como termostato, ao qual compete manter o equilíbrio
entre produção e perda de calor (o termostato age mais controlando a perda de
calor), mantendo a temperatura interna em aproximadamente 37 ºC. Na febre, o
termostato é reajustado – o centro regulador eleva o ponto de termorregulação (set
point) da temperatura para um patamar mais elevado.
Como
sequência patogenética na febre temos: agentes infecciosos ou não infecciosos
que funcionam como pirógenos exógenos, os quais induzem as células fagocíticas
a produzirem substâncias de natureza proteica. Estas são chamadas de pirógenos
endógenos, os quais estimulam a produção de prostaglandinas, que atuam no
centro termorregulador, elevando o patamar de termorregulação e resultando na
febre.
A
necessidade de tratamento da febre muitas vezes é polêmica, entre vários
pediatras, pois a resposta febril está associada a aspectos positivos, tais
como o aumento da migração de neutrófilos e a produção de interferon gama e
outras citocinas, que desempenham relevante papel na resposta imune para a
eliminação de vírus e bactérias. Do ponto de vista médico, as indicações para
combater a febre são bastante restritas, indicando-se antitérmicos apenas
quando a temperatura alta é motivo de desconforto ou risco para a criança. Crianças
saudáveis que apresentem febre de menos de 39ºC não demandam terapêutica.
Contudo, a administração de antipiréticos pode aliviar o desconforto sentido
com temperaturas corporais mais elevadas.
Atualmente,
os únicos antitérmicos recomendados para tratar crianças com febre são
paracetamol, dipirona e ibuprofeno. Vale destacar que os antitérmicos não
constituem tratamento causal da doença e que esta merece enfoque diagnóstico e,
por vezes, tratamento específico.
Em certas situações de febre está indicada uma
investigação imediata:
1. Faixa
etária de risco: menor de 3 meses
2. Febre
de mais de 39,4 ºC
3. Estado
infeccioso/toxêmico acentuado: má impressão geral
4.
Duração da febre maior que três dias (mais de 72 horas)
Quando se faz associação rápida entre palavras,
febre se liga intimamente a doença, sobretudo para leigos. Assim, não causa
espanto que o fato de uma criança estar com febre provoque ansiedade e
insegurança nos pais, se a causa não for logo definida. Dessa forma, cabe ao
pediatra combater a febrefobia, passando segurança e tranquilidade aos pais da
criança.
REFERÊNCIAS
JENSON, Hal B.; BEHRMAN, Richard E.; KLIEGMAN,
Robert M. Tratado de pediatria. 17.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
BRICKS, Lucia Ferro. Tratamento da febre em crianças. Pediatria (São Paulo) 2006;
28(3):155-8.
MURAHOVSCHI, Jayme. A criança com febre no consultório. Jornal de Pediatria, v. 79,
supl. I, 2003, p. 55-63.
Informações valiosas! =)
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