segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ARTIGO "DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO E PSÍQUICO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE"

Desenvolvimento Neurológico e Psíquico da Criança e do Adolescente
Por Paula Cristina de Oliveira Faria Cardoso

 

INTRODUÇÃO
O desenvolvimento da criança pode ser definido como sendo as mudanças sequenciais e organizadas que permanecem e incidem sobre estruturas físicas, neurológicas, processos de pensamento, emoções e maneiras de interação social das pessoas. Para que se possa entender completamente esse processo de desenvolvimento, é preciso compreender o modo como influências genéticas e ambientais se relacionam para determinar a saúde de uma criança.


PRIMEIRA INFÂNCIA (0 A 3 ANOS)
O Recém-nascido é dependente do adulto, indefeso. Não controla músculos, tampouco consegue levantar a cabeça, nem se vira sozinho, geralmente, permanece na posição em que foi deixado.
Nos três primeiros anos de vida ocorre intensa maturação neurológica. O sistema nervoso central (SNC) evolui anatomicamente por meio de processos de proliferação, migração e diferenciação de células nervosas, estabelecimento de sinapses e mielinização. Por causa disso, o SNC mantém grande plasticidade nos primeiros anos de vida, com rápido desenvolvimento de áreas sensoriais e motoras.
Ao fim dos dois primeiros meses de vida, o bebê inicia a conexão de suas habilidades sensoriais com o ambiente. Há um aumento do período em que ele permanece acordado e, por causa disso, maior interação com o ambiente e com as pessoas que dele cuidam. Observa-se também que o exame visual de pessoas e objetos se dá com maiores detalhes, com o início do sorriso social.
Estabelecem-se funções cerebrais importantes, como a função motora, perceptiva, proprioceptiva, cognitiva, afetiva e de linguagem, que permitem a interação da criança com o meio em que vive.
Aos quatro meses o bebê já se vira sozinho, quando deitado de costas vira-se de abdome para baixo, mantém-se sentado por alguns períodos, movimenta-se em várias posições, leva tudo à boca para morder ou chupar.  Suas mãos são capazes de pegar objetos. Rola de um lado para outro, aprecia o banho, agitando-se no mesmo.
No segundo semestre de vida ocorre aumento significativo dos movimentos e do campo de ação da criança. Com 6 - 7 meses senta-se sem apoio, vira de bruços, apóia-se nas mãos. Com 9 meses tenta pôr-se em pé. Anda com 1 ano, geralmente. Pega objetos, segura-os com firmeza e leva-os à boca.
Com 1 a 3 anos surge motivação forte e constante para explorar o ambiente. Mas a coordenação motora é insuficiente. Nessa idade o bebê é incapaz de reconhecer riscos.
SEGUNDA INFÂNCIA (PRÉ-ESCOLAR)
Ocorre a consolidação das habilidades adquiridas anteriormente, com o emprego de modo mais sofisticado dessas funções. Ocorre a melhora das habilidades motoras amplas, tornando-se possível o desenho e o uso de talheres. O controle do corpo fica mais preciso, e inicia a preferência pelo uso de uma das mãos.
Há um rápido crescimento da linguagem; o vocabulário aumenta e a comunicação fica mais próxima à do adulto, quanto à sintaxe e gramática, o que a torna quase totalmente compreensível.
Entre 3 a 7 anos a criança tem uma percepção egocêntrica e irreal do seu ambiente, não sendo ainda capaz de aprender noções de segurança. Possui muita energia, curiosidade, movimentação rápida e pequena capacidade de previsão de riscos. Seu pensamento é mágico (desenhos animados).

TERCEIRA INFÂNCIA (ESCOLAR)
Nessa fase ocorre a consolidação das habilidades já adquiridas, o que torna possível o distanciamento de casa e dos pais e a participação de modo mais intenso na sociedade. As crianças passam a ser mais responsáveis pelos próprios comportamentos em novas situações. Para tanto, o desenvolvimento motor é importante, com o aumento da força, agilidade e equilíbrio. Isso torna possível o exercício de atividades como andar de bicicleta sem auxílio, andar de skate, nadar e escalar.
Entre 7 a 10 anos surgem as noções de segurança. A criança identifica-se com super-heróis. Suas habilidades motoras estão bem além do seu julgamento crítico. Sem a supervisão de adultos, os acidentes que podem ocorrer já refletem imprudência ou desorientação.
Por volta de 6 a 12 anos de idade, as crianças passam quase metade do tempo na companhia de outras de mesma idade. Assim, formam-se grupos e uma estrutura social com várias categorias (populares, rejeitadas, introvertidas e vitimizadas, entre outras). Verifica-se o desenvolvimento de brincadeiras que evidenciam a separação entre sexos. Também nesse ponto observam-se diferenças, sendo que a fantasia é substituída pela obediência a regras.
Nessa fase, a criança tende a dar mais importância à opinião dos amigos que à dos professores e pais. Aprendem a iniciar, manter e, se for necessário, terminar amizades. Passam, portanto, por experiências de sucesso e fracasso social. Nesse contexto é que se desenvolve o autocontrole, com a formação de sistemas mais realistas e equilibrados.

ADOLESCÊNCIA
Na adolescência, que dura geralmente entre os 10 e 20 anos de idade (no Brasil, está fixada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente entre os 13 e 18 anos). É uma fase de intensas e visíveis transformações, uma vez que o adolescente busca de modo ruidoso ocupar o papel no local onde vive. As mudanças físicas, com a puberdade, o aparecimento de caracteres sexuais secundários e o crescimento físico, também são notáveis.
Os adolescentes vão a festas, namoram, desejam mais liberdade e independência. Possuem controle motor completo, autonomia, raciocínio lógico e opção de livre-arbítrio. Pelas suas características de insegurança (com todas estas modificações tão rápidas que estão ocorrendo), desafiam regras pré-estabelecidas, praticam exibicionismo e demonstram sintonia com grupos, mesmo que anti-sociais.
Nessa fase, a maturação cognitiva intermedia o desenvolvimento emocional, havendo elevado desenvolvimento da capacidade de abstração.
A adolescência pode ser dividida em três fases:
1) Entre 10 a 14 anos, com redução do interesse pela família e identificação com amigos, em geral do mesmo sexo. Nessa fase, ocorre uma adaptação às modificações corporais, modificação de hábitos e aumento da privacidade.
2) De 14 a 17 anos, em que a identificação com o próprio grupo social aumenta ainda mais, com a admissão de amizades e relacionamentos com pessoas de outro sexo. Geralmente nessa fase as relações sexuais se iniciam. As modificações próprias da puberdade se encerram.
3)  A adolescência tardia, dos 17 aos 20 anos, que traz uma reaproximação da família, com a adoção de valores e comportamentos próprios do adulto. Inicia a busca por estabilidade social e financeira, bem como a procura de relacionamentos mais caracterizados pela afetividade.

REFERÊNCIAS
LOPEZ, Fabio Ancona; CAMPOS JÚNIOR, Dioclécio. (Org.). Tratado de pediatria. Barueri, SP: Manole, 2007.

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