A prevenção da Obesidade na Criança e no
Adolescente
por Hellen Branquinho
Prevenir a obesidade na Infância se
tornou essencial na tentariva de melhorar o aspecto da qualidade de vida e de
saúde da população. Isso decorre de sua associação com doenças crônicas graves
no adulto e progressivamente prevelentes, que podem se instalar desde a
infância.
A fase intra-uterina é um período
crítico para o desenvolvimento da obesidade, assim como o primeiro ano de vida
e a adolescência. Daí a importância da participação ativa do pediatra nas
diversas etapas que envolvem os diferentes contextos.
Pré-natal
• Identificar os fatores de risco
familiares: diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial,
dislipidemias e determinados tipos de câncer, entre outros fatores.
• Avaliar e monitorar o estado
nutricional da gestante.
• Orientar sobre a alimentação adequada
à gestante.
Puericultura
• Avaliar e monitorar o ganho ponderal
e a velocidade de crescimento estatural da criança (é fundamental a vigilância
do crescimento, preenchendo-se periódica e regularmente a curva de
crescimento), a fim de verificar de forma precoce o comportamento do canal de
crescimento.
• Estimular o aleitamento materno
exclusivo até o sexto mês de vida e o aleitamento materno total de preferência
até os 2 anos de idade.
• Informar os pais quanto à atenção e
ao respeito que eles devem ter aos sinais de saciedade do lactente, como parar
de mamar, fechar a boca, desviar a face, brincar com o mamilo ou mordê-lo,
dormir.
• Educar os pais para reconhecerem e
aceitarem a saciedade da criança maior, sem impor ou exigir a ingestão total ou
excessiva de alimentos. Não se deve forçar uma ingestão excessiva, pois a
criança saudável tem plena capacidade de auto-regular sua ingestão.
• Orientar sobre a alimentação
complementar de acordo com as necessidades nutricionais e o desenvolvimento da
criança. Também é importante ressaltar a importância da qualidade da
alimentação (por exemplo, estimular o consumo regular de frutas, verduras e
legumes e estar atento ao tipo de gordura consumida). Levar em conta a história
familiar de doenças crônicas como a obesidade e doenças cardiovasculares pode
conduzir melhor a orientação nutricional.
• Esclarecer os pais sobre a
importância da educação alimentar de seus filhos, de estabelecer e fazê-los
cumprir os horários das refeições (colocando limites), de não pular refeições
nem substituí-las por lanches (deve haver um intervalo regular entre elas), de
dar orientações sobre mastigar bem os alimentos, de realizar as refeições em
ambiente calmo e com a televisão desligada e de limitar o consumo de alimentos
de elevado teor calórico, como salgadinhos, doces, frituras e refrigerantes.
• Informar sobre a evolução normal do comportamento
alimentar da criança, a fim de evitar o desencadeamento de distúrbios do
apetite gerados pela insegurança ou desinformação dos pais.
• Estimular e orientar o lazer ativo de
acordo com as diversas faixas etárias, respeitando-se as preferências da
criança e do adolescente: a) Lactentes: atividades como rolar, engatinhar,
andar. b) Pré-escolares: passeios ao ar livre, andar de bicicleta, jogar bola,
correr, brincar com o cachorro, pular corda. c) Escolar e adolescente:
recreação, esportes em geral e atividade física programada.
Família
"Os pais atuam como modelos para
as crianças, especialmente para as pequenas, que tendem a imitá-los; por isso
os hábitos alimentares saudáveis precisam ser adotados por toda a família" SBP.
• Orientar toda a família sobre hábitos
alimentares; verificar desvios na dinâmica familiar capazes de influenciar o
comportamento alimentar da criança; avaliar, com a participação da família, a
quantidade e o tipo de alimentos que são rotineiramente adquiridos (perfil da
compra).
• Estimular a adesão dos pais a um
estilo de vida ativo.
Escola
• Educar e capacitar os diversos
profissionais envolvidos com a criança.
• Orientar os pais sobre o controle da
merenda escolar, a avaliação dos alimentos oferecidos na cantina e os lanches
preparados em casa e levados à escola, no que diz respeito à quantidade de
colesterol, gordura saturada, sal, açúcar, com o objetivo de assegurar uma
dieta saudável.
• Inserção da educação nutricional no
currículo escolar.
• Promoção de atividades físicas
programadas e com metas.
• Envolvimento ativo da família.
Comunidade
• Estimular os pais a reivindicar uma
comunidade mais ativa.
• Reivindicação de áreas de lazer e de
esporte disponíveis no bairro.
• Promoção de eventos de lazer ativo e
esportivo.
A prevenção da obesidade é mais barata
e eficiente do que o seu tratamento, e está baseada no estilo de vida adquirido
desde a infância.
Referência:
Obesidade na infância e adolescência –
Manual de Orientação / Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de
Nutrologia. – São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de
Nutrologia, 2008.
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